Eufémia Saraiva nasceu em Arraiolos, em 4 de janeiro de 1960, um dia depois da fuga de Álvaro Cunhal da prisão de Peniche. Com uma família marcadamente comunista, Eufémia começou logo no dia do nascimento a perceber o que era a militância: os pais esqueceram-se dela na maternidade para irem a um comício clandestino com o recém-evadido Cunhal.

Criança precoce, começou desde muito nova a colaborar com diversos títulos anti-fascistas, como O Punho Erguido, A Comuna de Sousel ou Um Camarada, Um Amigo.

Ainda adolescente, Eufémia Saraiva viveu o 25 de abril de forma intensa, participando em inúmeras sessões de esclarecimento pelo país, tendo então enveredado pela carreira de cantora de intervenção. Apesar do ambiente libertário da época, foi-lhe difícil ser a única mulher no meio, sobretudo porque teve de deixar crescer o bigode, requisito indispensável para poder participar nos concertos. Gravou os singles “Patrão, Tira A Mão”, “Sou A Tua Companheira” e “É A Liberdade E Eu Estou na Puberdade” e deu mais de 200 espetáculos.

O rótulo de menina-prodígio, no entanto, perseguia-a (chegou a ser chamada de ‘Shirley Temple do Barreiro’), pelo que resolveu, em 1977, abandonar as cantigas e voltar aos bancos da escola. Aproveitou-se da amizade com outro conhecido revolucionário da época, Durão Barroso, para entrar na Universidade de Lisboa sem precisar dessa coisa chata dos testes de admissão, tendo concluído uma licenciatura em economia.

Acabado o curso, resolveu regressar ao jornalismo. Foi durante três anos diretora do semanário da secção do PCP no Sabugal, A Enxada, altura em que foi a responsável pela criação do primeiro suplemento infantil de um jornal português: A Enxada nos Cornos dos Meninos Ricos. Chefiou, ao longo do resto dos anos 80 e nos anos 90, as secções de ‘Economia’ de diversos jornais: A Revolução, A Transição e A Evolução.

Em 1999, Eufémia foi eleita deputada, integrando, como independente, as listas do Bloco de Esquerda, mandato que repetiria em novas eleições, três anos mais tarde. No entanto, em 2003 entraria em rutura com a direção daquele partido, por considerar «um enxovalho à luta da classe operária» o facto de Francisco Louça ter surgido num debate televisivo vestindo um casaco e com a camisa aberta apenas até ao segundo botão.

A desilusão com o jornalismo e com a política levaram-na para o campo da literatura, tendo publicado dois livros de contos eróticos de base auto-biográfica: “Venham Mais Cinco Proletários” e “Tira-me A Saia, É A Reforma Agrária”.

Voltou novamente ao jornalismo em 2007, para ser a editora de ‘Economia’ do Jornal do Fundinho.